domingo, 28 de dezembro de 2014

O segredo dos efeitos sonoros se chama Foley


Você provavelmente já viu algum vídeo desses onde se usa o som das coisas para fazer música.

Na verdade tudo isso começou com as novelas na rádio que, para criar uma cena "real" na imaginação do ouvinte precisava-se dos efeitos sonoros. Hoje em dia, isto se usa muito no cinema e se chama “foley”.

Os efeitos sonoros que baixamos na internet para usar em algum vídeo ou vinheta veio de efeitos sonoros de objetos mais inusitados (ou até reais) que foram gravadas e adicionadas ao filme na pós-produção para melhorar a qualidade do áudio.

Os artistas do Foley são tão bons que ninguém imagina que aquele som não venha daquela imagem (como você pode ver no vídeo lá embaixo). Os artistas utilizam outros objetos para capturarem aquilo que você vê no filme ou vídeo.

Outro vídeo produzido pela GoPro que também utilizaram foley é o Why Play Basketball? 

Um filme interessante que retrata bem essa profissão é Céu de Lisboa (1994). O personagem Philip é técnico de som e viaja para Lisboa a pedido de seu amigo cineasta Fritz. Mas ao chegar lá, o amigo desapareceu. Enquanto isso, ele sai pela cidade capturando o som de tudo que lhe chama atenção. Outro filme em que você pode ver esse profissional é o Seabiscuit (2003) em um personagem interpretado por William Macy.

Outra referência muito boa sobre o uso do foley é o documentário Funky Monks produzido por Gavin Bowden onde apresenta a banda Red Hot Chili Peppers gravando muitas das faixas do álbum e outras faixas que foram lançadas anos depois.

O álbum produzido por Rick Rubin foi gravado numa mansão famosa e assombrada de Los Angeles, a "The Mansion", construída em 1918. Uma equipe foi contratada para montar um estúdio de gravação e outros equipamentos necessários.

Eles utilizaram vários objetos como canos e objetos de metal para fazer sons e utilizar isso nas músicas.

E, um vídeo que está nos extras do filme Phantom sobre como o compositor Jeff Rona compôs a trilha sonora usando um submarino (que é o cenário principal do longa). How Composer Jeff Rona Used a Submarine to Make Music for 'Phantom'


No vídeo abaixo você vai ver que até repolho foi usado para criar o som de um murro.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Entrevista: Cláudio Barreto sobre as décadas de 1960 e 70

Mais uma entrevista que fiz para uma matéria sobre nostalgia. Esta entrevista é com Cláudio Barreto Ferreira de 64 anos, servidor público federal que se interessa pelas décadas de 1960 e 70.
"na praia de Olinda, Bairro Novo, por volta de 1967, 1968, em que eu estava usando uma camiseta "Hyppie", com os dizeres: "Make love, not war", que era o principal lema contra a Guerra do Vietnã".
"Além da idade (pré-adolescência e adolescência), sem preocupações com trabalho, só fazia estudar, jogar futebol na rua (rua de areia, sem calçamento/asfalto com pouquíssimo movimento de carro; (a gente parava o jogo para deixar passar algum carro de tempos em tempos), brincar de vários tipos de brincadeiras, tais como: prendeu-soltou (pique ou pega-pega), carniça ou pula-sela, chupar manga trepado na mangueira, fazer balanço de corda nos galhos das mangueiras, pulando de cima do muro para alcançar e se pendurar na corda como se fosse Tarzã,
Brincar carnaval na rua, acompanhando troças carnavalescas, como a troça do boneco gigante "Seu Malaquias", jogar água da torneira do jardim (forte jato d'água) nos carros que passavam pela avenida, e à noite, dançar no salão de visitas de casa, ao som das músicas de Capiba, Nelson Ferreira, além de marchinhas de carnavais anteriores, tudo reproduzido numa vitrola ou toca-discos ou passa-disco ou eletrola, com discos de 78 RPM e LPs (long play).
Nessa época, quando se falava em ladrão tratava-se de ladrão de galinhas, que pulavam os muros dos quintais para roubá-las durante a madrugada.
Não havia televisão, e à noitinha, após o jantar, as pessoas se reuniam em frente de casa para conversar, brincar de roda, marré-marré, passar anel, boca-de-forno, e outras inofensivas.
No São João, sempre eram feitas fogueiras com galhos caídos das mangueiras e madeiras velhas de móveis etc. Sempre havia um dinheirinho para comprar alguns fogos de artifício mais baratos e fazer bolos de milho, canjica, pamonha, pé-de-moleque etc.
A turma se reunia para dançar quadrilha ou simplesmente forrozar até não aguentar mais de sono. As músicas também eram reproduzidas de LPs e discos de 78 RPM, em vitrolas automáticas ou não.
No Natal, sempre se recebia presente de Papai Noel, por mais simples que fosse, e se preparava uma ceia, mesmo sem muita sofisticação.
No período dos bailes de formatura, conseguia convites para participar em clubes como o Português, Náutico, Internacional ou Sport. Exigia-se traje formal, ou seja paletó e gravata. Então, muitas vezes era necessário algum amigo entrar primeiro e passar o paletó e a gravata pela cerca ou muro, fora das vistas dos porteiros para que os outros pudessem entrar no clube também, já que não era comum a gente possuir esse tipo de roupa.
Como eu havia recebido um terno para o casamento de minha irmã, estava livre dessas artimanhas. porém, como não tinha dinheiro, já que não trabalhava, só fazia dançar a noite toda, e quando sentia sede, pedia licença à garota com quem estava dançando e a conduzia para a mesa que ela estava ocupando com amigos(as) e/ou parentes, indo em seguida até o jardim do clube beber água na torneira (tempos felizes). 
Depois que foi comprado um aparelho de TV, acompanhei as apresentações dos programas de auditório da Jovem Guarda, que também marcou muito minha vida porque comecei a aprender a dançar (dança de salão de forma amadora, não profissional) por diletantismo".


uma Monark de 1965 [arquivo pessoal]

Como você descobriu o interesse por essas épocas?
Relembrando os momentos vividos naquele período, comparando com os anos posteriores.

Para você, o que mais caracterizou essas décadas?
A década de 60 foi caracterizada pelo movimento "hippie, guerra do Vietnã, assassinato do presidente dos Estados Unidos (John Kennedy), primeira viagem do homem à lua (1969), golpe de Estado no Brasil (1964), com implantação da ditadura militar, inauguração da primeira TV no Nordeste: TV Jornal do Commercio, canal 2 (1960).

O interesse por essas décadas te fez mudar alguma aspecto da sua vida? Alguma mudança no visual ou psicologicamente?
A década de 60 foi para mim, particularmente, a década de descobrimentos com a chegada da puberdade, começo das paqueras, preocupação com a maneira de me vestir, ou seja, procurava usar roupas da moda, como calças boca-de-sino, saint-tropez, camisas coloridas etc. comecei a experimentar cigarro para parecer adulto, mais velho, mais maduro, vício que foi se instalando e permaneceu durante uns vinte anos. Em meados de 1968 saí do Estado pela primeira vez para morar no Rio de Janeiro.
Perto de completar 18 anos, foi um fato muito marcante e que provocou em mim grandes mudanças psicológicas, pois foi também o período de incorporação ao Exército, onde servi durante pouco mais de onze meses e fiquei morando "de favor" na casa da família de um irmão mais velho.

foto tirada em 1963, no Parque 13 de Maio, numa exposição do Exército. [aquivo pessoal]
O que você mudaria mais para ficar mais perto dessa década?
Cheguei a um patamar da vida em que o passado é apenas para ser lembrado no intuito de se evitar cometer os mesmos erros, e manter ou repetir os acertos.
Quanto a mudar alguma coisa, já mudei ou evitei algumas mudanças, tais como: evito possuir telefone celular, não tenho carro (também não ando de "carona" ou "bigu" com outras pessoas), não frequento as salas de cinema atuais (muito ruins comparadas com as da década em questão).

Você ficou fascinado pela década porque ela condizia com a sua personalidade ou houve uma mudança após a descoberta da década?
Acredito que fui sendo levado pela onda, sem pensar a respeito, sem nenhum senso crítico, quase totalmente alienado pelos acontecimentos políticos, como a renúncia de Jânio Quadros da Presidência da República com a devida passagem do cargo para o vice-presidente João Goulart (Jango), afastado pelo golpe militar.
Penso que minha referência à década de 60 se deve principalmente pela minha idade na época. Idade de descobertas e de começo do sentimento de vida, de um pouco de independência não financeira, mas de locomoção e de escolhas diversas, além de uma liberdade permitida por meus pais e que procuro manter nos dias de hoje comigo mesmo.

Monóculo


Entrevista: A paixão pela década de 60

domingo, 23 de novembro de 2014

Entrevista: A paixão pela década de 60

A entrevista a seguir foi realizada para uma matéria (que já está pronta) sobre nostalgia. Essa matéria faz parte de uma edição do jornal da minha faculdade com o tema Mudança. Quando tudo ficar disponível, vou disponibilizar aqui no blog.

A ideia surgiu de repente quando lembrei do filme Meia Noite em Paris de Woody Allen onde o protagonista é transportado para a década de 1920 quando é badalado meia noite. Essa é a década em que o personagem considera a Idade de Ouro, ou seja, a época de maior ascensão.

Além dessa, foi realizada outras entrevistas, mas neste post só tem a de Krysalis Pires. Ela tem 24 anos, é professora de educação física e auxiliar administrativo. Krys é apaixonada pela década de 1960.
Arquivo Pessoal
Você mudou seu visual quando descobriu o seu fascínio pela década?
Sim, de certo modo a forma com que me visto mudou um pouco. Já me vestia, com alguns acessórios ou alguma roupa que caracterizava a cena da época, mas depois de começar a gostar mais e estudar sobre, comecei a procurar por roupas que caracterizam esta época.

O que você mudaria mais para ficar mais perto dessa década?
Os móveis da minha casa. Sou apaixonada pelas casas e objetos da época. Acredito que se a minha casa possuísse essa características seria como se eu voltasse no tempo toda vez que eu entrasse nela. Como se vivesse naquele tempo.

Como você adquiriu esse fascínio?
Já gostava das músicas e do cinema, isso já ajudou bastante. Mas o meu interesse surgiu após ir a um evento de cultura dos anos 60, a partir daí eu comecei a procurar mais sobre o assunto.

Pra você, o que mais caracterizou a década?
O que mais caracterizou a época foi a chegada do rock’nroll com Elvis Presley, que foi o maior símbolo da história. Os jovens mudaram sua forma de se vestir com jaquetas de couro, topetes, lambretas que demostrava certa rebeldia. E as mulheres, abandonando a saia comportada para calças como um grito de liberdade. Todo esse movimento jovem em busca de liberdade é o que mais marca a época.
Arquivo Pessoal
Quais foram as mudanças que aconteceram?
Com todo esse movimento em busca da liberdade, uma mudança notável foi na área da moda, deixou de se tornar uma moda única. As roupas mudaram radicalmente. Isso se dá a este processo onde a roupa estava diretamente ligada ao comportamento.

Quais foram as mudanças físicas e psicológicas que aconteceram?
Avanço na área da comunicação, mudanças políticas, busca por liberdade de expressão e liberdade sexual, mulheres buscando igualdade de direitos, mudança de hábitos, vestimenta, música, cinema, arte, chegada do homem a lua... Enfim são diversas mudanças que ocorrerão na época que mudou todo o modo de agir e pensar de uma sociedade.

Você ficou fascinada pela década porque ela condizia com a sua personalidade ou houve uma mudança após a descoberta da década?
Identifiquei-me com a época pois mostrava um pouco do que eu sou. Principalmente pelo meu gosto musical e pelo cinema e seus artistas como Elvis Presley, Johnny Cash, June Carter, Frank Sinatra, Marilyn Monroe, Audrey Hepburn, entre outros. O modo que eles viviam e suas histórias trouxeram fatos em que eu pude me identificar, fazendo o amor pela época crescer mais.

sábado, 12 de julho de 2014

Demian, a história de uma juventude - Interpretação pessoal

O texto a seguir é uma interpretação pessoal da obra "Demian" escrita por Hermann Hesse em 1917. Esse texto fez parte do debate do "clube do livro 2 caras" - grupo lá no Skoob e ele foi escolhido por mim, por sinal. A obra foi selecionada pela Revista Bula como umas das 10 obras que vão mudar a sua vida. 
É importante que você leia a obra para entender. Todos os links úteis estão no final desse post.


Acredito que a intenção de Hermann Hesse nesse romance era o de exprimir as reflexões dos jovens naquela época. Sobre a liberdade, as regras, D’us, existencialismo. E acho que ele conseguiu fazer isso em várias etapas.

A primeira foi a do reconhecimento quando Sinclair quer impressionar os seus ‘amigos’ e acaba se dando mal. E também o de experimentar algo proibido. E, por ser criança, em sua pura inocência, acaba se entregando às ameaças de Kromer e criando sentimentos que só um adulto em apuros teria.
“Muitos se recusarão a acreditar que uma criança de onze anos incompletos possa sentir dessa maneira. Não é para esses que escrevo, mas para aqueles que conhecem melhor o ser humano”.
Esse sentimento que em algum momento a criança irá sentir um dia pode ficar marcado e poderá influenciar em outras etapas da vida. Acho que o sentimento de insegurança e impotência e dependência façam parte disso. A falta de reconhecimento da própria existência, o querer ser quem não é nos pode levar a caminhos solitários.

A questão de negar a existência do Eterno também se torna presente em muitos jovens e foi assim com Sinclair. Mas um ser supremo deu lugar a outro e assim conheceu Abraxas, através de Demian. A negação da dualidade entre “luz e trevas”, “Deus e Diabo”, fez o jovem conhecer um deus mais homem, mais humano, sem dualidades e extremidades. Talvez fosse um escapismo de regras, responsabilidades e escolhas.

Para mim, Demian representa a busca insaciável pelo conhecimento. Mas quando se desprendeu dele, Sinclair encontrou um caminho desregrado da embriaguez. Quando encontrou Pistorius, o personagem que deu lugar à ausência de Demian. Demian suscitava nele interesse pelo conhecimento e pela reflexão. Mas só no fim Sinclair encontra sua autonomia intelectual. Quando Demian se vai, desaparece.


Sinclair teve de negar a educação que vivia em seu seio familiar para encontrar a sua própria educação e disciplina. É o que os jovens fazem. Mas ele tinha uma marca que o tornava especial, diferente dos outros.
E depois o orgulho de se sentir parte dos homens intelectuais, capazes de pensar, refletir e interpretar questionamentos da vida: 
“A descoberta de que o meu problema era um problema de todos os homens, um problema de toda a vida e todo pensamento, pairou sobre mim de súbito como uma sombra divina, e me senti penetrado de temeroso respeito ao perceber o quão profundamente minha própria vida e meu pensamento participavam da corrente eterna das grandes idéias”. 
E depois descobre um mundo de solidão e isolamento. Da qual posso dizer que é uma característica que a maioria dos intelectuais possuem quando não encontram a sabedoria e a plenitude.

"A ave sai do ovo, o ovo é o mundo.
Quem quiser nascer tem que destruir um mundo."

A minha interpretação era que a marca que Sinclair possuía (a marca de Caim) era um símbolo para a inclinação à sabedoria. Demian a busca, e Eva a sabedoria, a plenitude, a resposta para todas as perguntas.

Eu sempre acho que interpreto mal, até porque essa obra fez muito sentido na época. Apesar dela fazer sentido hoje, ela não tem idade. Mas a interpretação que deram na época fez mais sentido.

Fiquei por muito tempo pensando o que eu iria escrever desse livro. Ele não é fácil de se interpretar. Acredito que o próprio Hermann Hesse encontraria várias respostas e interpretações para ele. Vários sentidos.

Demian foi tão importante para Sinclair, assim como Gertrud foi importante para o protagonista. Como também foi assim em Sidarta. A aspiração de si sempre está no outro. Em um guia que tem alguma resposta que não se pode responder sozinho.


* * *



* Vale a pena comprá-lo. Está em algumas livrarias e inclusive, se você quiser mais barato, tem na Estante Virtual. A minha edição eu comprei lá.

sábado, 28 de junho de 2014

Illusions Perdues para não-jornalista ver

A minha edição da editora Seguinte tem tradução e adaptação de Silvana Salerno e ilustrações de Odilon Moraes (da qual vou falar mais adiante). O que acontece? Eu já tinha ganhado este livro de presente quando o avistei na Livraria Saraiva. A edição que tinha lá era da Penguin e fiquei (sem brincadeira) boquiaberta. Sim, a capa era linda*, mas não foi isso que chamou a minha atenção. O que chamou minha atenção foi a grossura do livro.  Fiquei encucada! Até porque a minha tem ilustrações e tem selo recomendável para o público infanto-juvenil.

Sobre as ilustrações eu não tenho nem o que falar. Nesse mesmo dia na livraria, eu encontrei uma edição linda da Cosac Naify do meu poema favorito com ilustrações de Odilon. Sim, o mesmo ilustrador do livro! E pra quem tiver curiosidade o meu poema favorito é Ismália de Alphonsus de Guimaraens. Eu curto muito o traço de Odilon Moraes. Não tirei fotos pois a capa já contém duas, mas as de dentro são maravilhosas e aconselho dar uma olhada nelas quando for à livraria.

* A ilustração da capa é de René Magritte em sua obra la reproduction interdite.

Ilusões Perdidas
Honoré de Balzac
223 páginas
Companhia das Letras, 2002
ISBN 978-85-359-0271-6
Edição da Penguin com os valores da obra em livro e e-book

David e Lucien

A gente conhece uma história que se passa em 1819; na cidade de Angoulême, no sudoeste da França.

Primeiro conhecemos um pouco sobre prensas (impressoras) - tipografias - mercado responsável pela impressão de jornais, convites, informes e etc. É aí que conhecemos Nicolas Séchard - um velho bêbado analfabeto, escroto (Lula), que só pensa em dinheiro.
"A tipografia de Nicolas Séchard imprimia o único jornal de editais do estado e todas as publicações da prefeitura e do bispado: três clientes que deveriam proporcionar grande fortuna a um jovem ativo¹".
A ambição de Nicolas era tão grande que ele vendeu a prensa para o seu filho por um preço exorbitante. ¹David, filho único, era tranquilo e não tinha ambições tão doentias quanto a do pai, então não se preocupava em bajular os clientes da Igreja e outros.

David reencontrou seu amigo de colégio e, pensando na dificuldade que a família de seu amigo estava passando após a perda do pai, David o chamou para trabalhar com ele.

Lucien Chardon tinha 21 anos, era poeta e pretendia ficar rico sem muitos esforços. Sua mãe começou a trabalhar como enfermeira e sua irmã Eve, em uma lavanderia. As economias eram investidas em Lucien para se tornar um rico e ajudar a família financeiramente - além de participar da alta-sociedade.

Lucien tinha um amor chamado Marie-Louise-Anaïs de Nègrepelisse ou somente Naïs (para todos ao seu redor) ou Louise (apenas para Lucien). Ela virou senhora Bargeton após casamento com um idiota, pois seu pai queria que ela se casasse com um homem "sem valor e grandeza" para manter o estado de espírito independente da jovem (mantivesse a liberdade). E que logo ela se tornasse viúva.

Naïs leva uma vida monótona até que um metido chamado Châtelet deseja se casar com a única jovem sonhadora e inteligente da cidade. Claro, após a morte de seu marido. Châtelet tem a ideia brilhante de apresentar um poeta da cidade para surpreender a senhora Bargeton e apresenta a ela o jovem Lucien. (lascou-se)

Ao invés da moça se interessar por Châtelet (o nome sugere uma de suas características) - ela se interessa pelo jovem Lucien e passa a convidá-lo para jantares, festas ou saraus.

A sociedade se revolta contra aquele absurdo (pobre frequentando casa de rico) - Lucien então sofre mas não desiste. Quer ser aceito e se tornar rico e amante da senhora Bargeton

Enquanto isso David percebe as besteiras das escolhas de Lucien. Acaba se apaixonando pela irmã de seu amigo - Eve. Eles vão se casar enquanto Lucien vai para Paris com Anaïs. Como isso aconteceu? Descubra lendo o livro.

Trechos dessa parte

"Por falta de acontecimentos e atividade intelectual, as coisas pequenas tornam-se grandes. Essa é a razão pela qual a pobreza de espírito e a fofoca dominam as cidades do interior" - página 36

" - Os deveres da sociedade tomarão todo o seu tempo, e o tempo é o único capital das pessoas que só têm a inteligência como fortuna. Ele vai gastar dinheiro sem poder ganhá-lo" - fala de David - página 62

o grande homem do interior é pequeno em Paris

Como havia previsto David, Lucien quebrou a cara com Anaïs. No interior, ela tinha personalidade forte; defendendo Lucien contra acusações. Mas em Paris ela o deixa de lado. Ela não tem personalidade própria e escuta os conselhos de todos em Paris.

Agora Lucien acordou para a vida e foi se hospedar num hotel mais barato e tenta vender um livro de romance e um de poesia. Foi aí que conheceu um amigo sensato e de bom caráter chamado Daniel d'Arthez - eles frequentavam a mesma biblioteca.

Lucien entra para o grupo de amigos de Daniel. O grupo se chama Cenáculo e eles são amigos de verdade. Não  existia inveja. Um inimigo de um se tornaria inimigo de todos. A amizade vai durar muito empo. O grupo inteiro trabalhou extra para ajudar Lucien quando seu dinheiro tinha acabado.

Depois de tantos conselhos de seus amigos, Lucien quer ser jornalista e continua lutando para publicar o seu livro. Pelo menos ele encontrou um jovem jornalista que lhe apresentou o diretor do jornal e um livreiro bem conhecido.

(ficamos sabendo nessa segunda parte - através de uma carta - que Eve e David terão um filho)

Em seu novo círculo de amigos, "Lucien só ouvira conversas sobre dinheiro. No teatro como nos lançamentos de livros, nas livrarias como nos jornais, a arte e o talento não estavam em jogo". - página 128.

Lucien descobre que até as potências das vaias no teatro são pagos pelo concorrente. Além do diretor do jornal fechar uma parceria com o teatro para ganhar dinheiro falando bem das peças nos jornais.

O poeta tem sua primeira matéria publicada e foi aclamado por todos, ganha o coração de uma ²jovem atriz e começa a se deslumbrar com o ambiente em que os jornalistas vivem. Bem que seus amigos avisaram.
(lá em cima no slide 2 tem uma foto que explica essa parte. Pause e veja)

Trecho da Segunda parte

"Meu Deus, preciso de ouro a qualquer preço! O ouro é o único poder diante do qual essa gente se ajoelha. Não, o ouro não, mas a glória, e a glória é o trabalho. Trabalho, o lema de David. Meu Deus, por que estou aqui? Mas vou vender!" - pensamento de Lucien - página 90



Os amigos do Cenáculo revisaram a sua obra e, de acordo com o autor, já dá para entender a profundeza dessa amizade: "Lucien havia entregue uma criança desengonçada e malvestida e recebia uma moça bonita e charmosa" - página 146.

De qualquer forma, os amigos ficaram tristes ao saber que ele tinha se entregue ao meio jornalístico se vendendo à corrupção que rolava naquele ambiente.

"Sua consciência lhe gritava 'Você vai ser jornalista!', como a feiticeira gritou para Macbeth: 'Você vai ser rei!'." - página 148.

A matéria de Lucien foi responsável pela ascensão de ²Coralie.

(Lucien já está em Paris há 3 anos e pela escrita parece apenas 1 ou 2 meses)

E enfim. Lucien começa a trabalhar  no jornal e conhece os seus bastidores. Ele já entrou no jogo dos jornalistas. Tudo acontece como se não houvesse público que lesse. Apenas intrigas aqui acolá (pessoais) com pessoas de nome. Coisas que não deveriam ser encaradas como "normais" no jornalismo. E outras porqueiras.

Assim, Lucien ascende na profissão e consegue, atacando um autor no jornal, publicar o seu livro de poesias. Decide se vingar da senhora Bargeton e do ministro usando o seu cargo de jornalista. Além de ter abandonado os seus amigos do grupo Cenáculo, aparentemente também a sua família. Lucien está deslumbrado com as suas conquistas em Paris.

"Como a maioria dos jornalistas, vivia cada dia intensamente, gastando à medida que ganhava". - página 181.

Os jornais parecem que existem apenas para trocarem tapas...
Lucian volta à sua amizade com a senhora..... após seu marido falecer. E dessa forma Lucien começa a querer uma vida como republicano deixando de "ser liberal".

Mas Lucian começou uma boa-vida - passou a se divertir e esquecer o trabalho. Logo, Lucien e Coralie se endividaram e tiveram que vender tudo e morar em um apartamento simples. Os amigos do Cenáculo foram visitá-lo para aconselhar sobre os perigos de sua posição política.

Como havia previsto seu amigo Daniel - Lucien começa a ser atacado nos jornais. Tudo aconteceu - seus amigos jornalistas começaram a atacá-lo enquanto tramavam a sua queda. Ele foi considerado monarquista enquanto foi obrigado (por causa do contrato com o jornal liberal) de escrever matérias liberais. E assim, perdeu a confiança com o grupo cenáculo...

Spoiler (se quiser ler, não leia essa parte)

Tudo deu errado. Lucien perdeu sua credibilidade com os liberais e os monarcas, Coralie adoeceu mas continuou trabalhando até que não aguentou mais. Lucien ficou sem dinheiro e saiu com apenas 20 francos para voltar pra casa no interior - andando.

Pelo que li, Lucien se perdeu em sua vaidade e acabou esquecendo de sua família e de seus verdadeiros amigos que o aconselhavam para o caminho certo. De pobre rico, de rico pobre, Lucian apenas se lamentou. Não tinha mais o que fazer. Podia ter se tornado um grande escritor com o livro que seus amigos revisaram e melhoraram.
Pobre Lucian.
O ponto negativo
A narrativa começa com os personagens Nicolas e David Séchard (e Eve também). Só sabemos, após a viagem de Lucien para Paris, que eles estão esperando um filho. Mais nada. Senti falta de saber qual foi o destino desses personagens. Se eles tinham melhorado de vida, se viviam felizes, se o negócio da tipografia tinha dado certo, o que eles pensavam de David mesmo o ajudando financeiramente. Essas coisas. Fora isso, gostei de tudo. Até do destino de Lucien e eu não me importo em saber se ele conseguiu voltar para o interior.


A minha edição é acompanhada de quatro (4) textos: sobre Balzac, sobre a narrativa, sobre o contexto histórico e sobre a história do jornalismo e a profissão.

Se não fosse as suas verdadeiras experiências como escritor e tipógrafo, Balzac não teria escrito esta obra. Seu pai e sua irmã foram pessoas fundamentais em sua vida e carreira difícil. Balzac teve a mesma ambição de seu personagem Lucien - dinheiro e fama.

Balzac também foi amante de Eveline (uma condessa polonesa) onde, acredito eu, inspirou o nome da personagem Eve, irmã e mulher de Lucien e David, respectivamente. Ou seja, Balzac foi tipógrafo como David, teve uma amante que se chamava Eveline, e teve a mesma ambição do personagem Lucien.

Balzac escreveu freneticamente. Obteve sucesso e reconhecimento. Mas não pôde explorar de sua riqueza como deveria. Oito anos após se casar, morreu em 1850.

Seu estilo se divide entre romancismo e realismo. Além de suas obras comporem personagens bem construídos e vivos à época. Por isso sua importância antropológica.

O que se passa no Brasil no período do livro é a independência. O país se tornava independente de Portugal, sob regência de dom Pedro I que reinou de 1822 a 1831.

O personagem Lucien se encontrava na época do começo do jornalismo. Não havia muitas regras, padrões e condutas como há hoje em dia. Apesar de muita coisa continuar acontecendo.

"Os jornais eram palco para fofocas, troca de desaforos ou de gentilezas, e críticas absolutamente pessoais. Não se pode dizer que nos dias de hoje tenha havido uma mudança radical em relação a esse panorama, mas o jornalismo adquiriu uma feição mais profissional [...]".

O primeiro jornal brasileiro, feito e para brasileiros, foi publicado em Londres, em 1808. O Correio Braziliense era dirigido e redigido por Hipólito José da Costa, refugiado na Inglaterra por causa da Inquisição.
+ Balzac nasceu em 16 de maio de 1799, na cidade de Tours, capital da Touraine, considerada uma das regiões mais belas da Europa. Filho de Bernard-Fraçois Balssa, agricultor do sul da França, e da parisiense Laure Salambier, Honoré Balssa de inspirou em Jean-Louis Guez de Balzac, um dos primeiros membros da Academia Francesa, para mudar de nome. [tirada do livro - um dos textos]

terça-feira, 17 de junho de 2014

As cartas que você deseja ler e escrever

Miguxo e meu livro - Projeto 366 dias 366 fotos + Projeto Gnomo Viajante - Foi tirada em 29/MAI/2014 como a foto diz

Não esperava nada desse livro. Achava que ia ser uma leitura que não ia me acrescentar em nada. Julguei tudo: o título, a capa, a sinopse, a carta de recomendação da Elizabeth Gilbert (autora de Comer, Rezar, Amar) que está atrás do livro...

Laços (ainda mais vermelhos e rosas) não me atraem e confesso que não vi nenhuma menção de laço vermelho no livro. Pode ser que tenha, mas não lembro. Também não gostei muito da tipografia do título, (apesar de ser manuscrita e lembrar letra de carta escrita por uma caneta tinteira). Pelo menos a minha edição tem orelhas.

Por que eu li esse livro? Eu participo de um grupo no skoob chamado Clube do livro 2 caras e estou há uns 3 ou 4 meses participando. A minha intenção era de descobrir obras e autores sem preconceitos e julgamentos, além disso, participar de um clube do livro é muito bom porque você debate, fala de suas opiniões e enfim.

Voltando... Você irá gostar de saber que, apesar da capa ser do jeito que é, o livro é maravilhoso - ele é em formato de cartas que a personagem Juliet manda e recebe. Sim, tem também cartas que não envolvem a protagonista, mas tudo é por causa dela. Juliet está buscando um tema para o seu novo livro e tem certas dificuldades.

Um dia Juliet recebe uma carta de um desconhecido chamado Dawsey. Ele descobre o endereço dela da seguinte forma: Ele compra um livro (que já foi de Juliet) num sebo e atrás do livro tem o nome e o endereço dela. Então, foi assim que tudo começou. Dawsey Adams escreve para Juliet falando sobre a obra e fez uma indagação a cerca de algum momento do livro. E Dawsey menciona a Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata.

Como um nome desse não iria suscitar interesse em alguém? E claro, Juliet é uma pessoa muito curiosa. Ela é escritora e escreve também para jornais - mais um motivo para Juliet se corresponder com Dawsey fazendo uma série de perguntas.

É preciso dizer que a história se passa na época de pós Segunda Guerra Mundial e isso foi crucial para a obra se tornar o que é. A gente sempre lê histórias tristes sobre a guerra. Nesta obra não é diferente - há histórias tristes, mas a novidade desse livro é como as personagens lidaram com a guerra.

Achei os personagens bem construídos, gostei de todos eles. Até de Elizabeth que nunca aparece, apenas é mencionada nas cartas. Porém o livro tem um ponto negativo - algumas cartas parecem ser escritas pela mesma pessoa - com o mesmo estilo de escrita. No final, eu dei 5 estrelinhas para este livro no skoob. Depois da leitura, você fica com vontade ou de viajar e ir conhecer Guernsey. Ou de mandar uma carta para alguém. Talvez um desconhecido.

PS.: Você vai amar e se rir muito com a personagem Isola Pribby. Não vou contar nada sobre ela. Leia o livro!

Juliet Ashton mora em Londres
Dawsey Adams mora em Guernsey
A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata - Mary Ann Shaffer e Annie Barrows
303 páginas
Editora Rocco
2009
De R$ 38 na Livraria Cultura por R$ 22,50 no Sebo
ISBN 978-85-325-2410-2
Skoob
+ Sempre gostei de cartas. De receber mais do que escrever. Mas infelizmente não encontrei ninguém que gostasse da mesma maneira que eu gosto. "Ah, qual é o seu e-mail, é mais fácil"...
Me correspondia com a minha prima que vivia mudando de estado e país e ela me deu várias coisas interessantes. Guardo tudo que recebo dos correios.
Meu perfil no skoob - podem me adicionar

sábado, 31 de maio de 2014

Copiar, transformar e combinar



Everything is a Remix (Tudo é um Remix) é uma série de documentários divididos em quatro partes e dirigidos por Kirby Ferguson. Há um trabalho árduo de documentação e edição de vídeo que defende a tese de que tudo não passa de uma cópia. A originalidade para Kirby é uma ilusão. Defender os direitos autorais, então, é um bem inalcançável.

Kirby Ferguson é um diretor, editor, escritor e jornalista nova-iorquino. O criador de Everything is a Remix participou de palestras do TED e mantém o site www.kirbyferguson.com e o twitter @remixeverything. Em seu site, Kirby divulga o seu novo trabalho chamado This is not a Conspiracy Theory.

A primeira parte trata do remix, da cópia no universo da música. A banda que mais aparece nessa primeira parte de Tudo é um Remix é Led Zeppelin, que, segundo Kirby, “copiou sem fazer mudanças fundamentais”. O autor também traça diferenças entre covers (execução de material de outros) e imitações (cópias que ficam dentro dos limites legais) – exemplos de “remixagem lícita”. O grupo de Led Zeppelin foi de copiador para copiado e o autor traça, em todos os exemplos, uma série de materiais que deixa claro ao telespectador que a sua tese tem fundamento. Nessa parte o autor também defende o seu posicionamento mostrando o percentual de filmes. “Dos 10 filmes de maior sucesso de bilheteria dos últimos 10 anos, 74 em 100 são continuações, refilmagens ou adaptações de livros, histórias em quadrinhos, videogames e etc”, argumenta o documentário.


Como continuação da primeira parte, a segunda parte compara cenas de vários filmes de sucesso com filmes antigos, por exemplo. Além dos gêneros e subgêneros que foram se modificando ao longo dos anos. Star Wars é um dos filmes em que Ferguson se baseia para defender a sua tese de que “tudo é um remix”. Outro exemplo é o filme Kill Bill de Quentin Tarantino – os fãs sabem que a intenção do diretor é fazer homenagens usando as suas obras.

É na terceira parte que o nova-iorquino apresenta “Os Elementos da Criatividade”. O autor defende aqui que é possível criar algo novo através de uma transformação – “obtendo uma ideia e criando variações”. Mais uma vez o autor cita vários exemplos que compravam o que está defendendo – dessa vez invenções que foram pensadas semelhantes em uma mesma época. Kirby Ferguson ilustra elementos básicos da criatividade que são: copiar, transformar e combinar. É nesta parte também que o autor desconstrói o que o telespectador assistiu nas partes anteriores. Há coincidências tanto no mundo das invenções como no mundo das artes. Novamente o autor traz exemplos concretos que convence o seu argumento.

A quarta e última parte de Everything is a Remix, “Falha no Sistema” defende novamente os três elementos básicos (copiar, transformar e combinar), dessa vez o conjunto desses elementos significa evolução. Ele defende que os genes e a cultura se baseiam nesses três elementos. Ele defende que as idéias não são isoladas, arrumadinhas, mas devem ser vistas como um conjunto. É neste ponto do documentário que o autor vai falar dos direitos autorais, mercado, distribuição, propriedade intelectual e patente. Problemas de roubos de ideias, plágios e pirataria começam a ser discutidas. Kirby fala de empresas (que não produzem) e trabalham adquirindo uma “biblioteca de direitos de propriedade intelectual, depois entram em litígio para obter lucro”.

Atualmente há temas que discutem temas como compartilhamento de informações, conhecimentos e ensinamentos como bens do público. O conhecimento é essencial para o ser humano e, como o autor do documentário argumenta, vários fatores podem impedir novas transformações, inovações que podem melhorar e facilitar trabalhos que influenciam o intelecto. As leis dificultam o acesso à informação, ao conhecimento e à cultura. Temas como cultura livre, ética hacker e copyleft podem ajudar a propagar as combinações que o autor tanto defende – “copiar, transformar e combinar”. Não se justifica a banalização da pirataria, Lawrence Lessig, por exemplo, argumenta que a pirataria pode comprometer a distribuição do conhecimento (tornando as leis ainda mais rígidas). Ele defende que uma organização sem fins lucrativos (como o Creative Commons) podem facilitar o compartilhamento das informações sem prejudicar os artistas. Por divulgar e oferecer serviços, empresas ganham autoria de uma obra artística e o produto dessa obra se torna mais caro para o usuário.
Odiamos perder o que temos
Nem tão rígido como os direitos autorais e o copyright, mas nem tão liberal e radical como a pirataria. Nos tempos atuais, as empresas não são mais agentes de uma distribuição consumidora. A ideia é fazer com que a distância do produto entre o emissor e o receptor não seja tão grande que dificulte a sua comercialização – o artista não perde seu valor e o usuário não deixa de consumir bens culturais.

Em um primeiro momento, o documentário de Ferguson parece ser dispensável, já que não parece ser nenhuma novidade a temática discutida. Mas a reflexão é valiosa para entendermos de que são feitos os nossos bens culturais e artísticos. É óbvio que ninguém deixará de consumir Led Zeppelin, por exemplo. Nem deixar de ouvir “I Got a Woman” e nem deixar de apreciar Kill Bill e Star Wars. São obras que não perdem o seu valor. A reflexão que aparece no final do documentário é que é muito importante – a que ponto isso nos levou? É mesmo necessário empresas barrarem produções artísticas e lucrar com isso?



A repercussão desse documentário dominou a internet e os blogs de todo o mundo. No Brasil, vários blogs conhecidos divulgaram o trabalho de Kirby Ferguson. São blogs de várias temáticas: cultura, tecnologia, sites de compartilhamento de música e filmes. Várias instituições de ensino estão debatendo essa temática dentro de salas de aula e também em palestras. Com a repercussão do documentário, Kirby participa de várias palestras ao redor do mundo e é acessível através de seus contatos na internet.


“Criação requer influência”

sábado, 24 de maio de 2014

Motivado pelo desafio, sex symbol vira protagonista de documentário


O documentário Roubamos Segredos – A História do WikiLeaks (We Steal Secrets: The Story of WikiLeaks) com duas horas e dez minutos de duração foi dirigido por Alex Gibney conta a história do hacker Julian Assange. “Roubamos segredos” veio do General Michael Hayden (ex-diretor da NSA e CIA) – uma das fontes no documentário.

Nascido em Nova York, em 1953, Alex Gibney construiu sua carreira como diretor e produtor de documentários para a televisão. Seu longa Enron: The Smartest Guys in the Room (2005) foi indicado ao Oscar de melhor documentário e o filme Táxi para a Escuridão (2007) ganhou Oscar de melhor documentário.

Em We Steal Scecrets: The Story of WikiLeaks Alex entrevista Julian Assange, um ciberativista, jornalista e escritor australiano. É o principal porta-voz do website wikileaks.com (site de denúncias e vazamento de informações) e também um dos nove membros do conselho consultivo do WikiLeaks.


Alex pergunta a Julian o que o motiva a divulgar segredos de Estado para milhões de pessoas denunciando o que as autoridades tentam esconder. Posteriormente mostra o trabalho que o grupo do WikiLeaks fez no caso dos bancos falidos da Irlanda – onde a fama de Julian Assange cresceu.

O documentário também fala de Adrian Lamo, um hacker famoso dos Estados Unidos que ficou conhecido por quebrar uma série de sistemas de alta segurança de rede de computadores. Somente após invadir o New York Times é que foi preso. Adrian Lamo prestou informações sobre Bradley Manning (analista de inteligência do exército americano) para autoridades federais. 


Traído por Adrian Lamo, seu companheiro hacker, Manning foi mantido preso (em condições de extrema prisão) por quase um ano na base militar de Quantico, na Virgínia. Lamo foi duramente criticado por isso.

A história de Manning é contada cronologicamente de acordo com a ascensão e a queda de Julian Assange. Assange se tornou um ativista dedicado ao compartilhamento de informações.

“Julian foi acusado de 29 crimes de penetrar, alterando, e destruir dados do governo. A defesa pediu ao tribunal para ser indulgente porque Assange tinha vivido uma infância difícil, continuamente passando de cidade em cidade sem relacionamentos duradouros. Sua única conexão constante com o mundo exterior era a Internet”, diz o documentário.

Surgiram alegações de agressão sexual contra duas mulheres em que Julian Assange mantinha relacionamento. Uma delas é uma agente da CIA. O documentário mostra vários ativistas que alegavam que as acusações eram falsas e que serviam para tentar calar as denúncias que Julian fazia. Uma fonte defende que, por Julian ter quatro filhos com mulheres diferentes, a intenção de suas relações sexuais era o de reproduzir. Assange ficou escondido por um tempo e depois se entregou à polícia.


Com todo o desmoronar de Assange, houve um bloqueio financeiro que mantinha o WikiLeaks ativo. Empresas de cartões de crédito pararam de efetuar transições de doações à organização. O WikiLeaks perdeu o controle da informação que continha e que pautava os grandes jornais ao redor do mundo. O fundador do órgão permanece escondido, isolado na Embaixada do Equador, em Londres.

O documentário levanta questões como a transparência e a liberdade de informação. Informações que antes apenas o governo detinha, foram publicadas e eternizadas através da internet e chocaram o mundo. O filme de Alex Gibney reflete sobre as informações consideradas secretas não deveriam ser de domínio público.

A internet não é um bom lugar para segredos

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

FLASH - Clarice profetizando


[...] "A própria Clarice revela, em carta a uma amiga, publicada no livro Clarice, uma biografia (do americano Benjamin Moser): 'Sonhei que ia para fora do Brasil (vou mesmo em agosto) e quando voltava ficava sabendo que muita gente tinha escrito coisas e assinava embaixo meu nome. Eu reclamava, dizia que não era eu, mas ninguém acreditava, e riam de mim. Aí não aguentei e acordei. Eu estava tão nervosa, elétrica e cansada que quebrei um copo'. Quem recorda a sentença é a redatora paulista Maria Helena Alvim, criadora da página no Facebook Clarice não disse" [...] (Diario de Pernambuco)