quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Pedrosa


"João da Cunha Pedrosa é natural da cidade de Garanhuns, agreste meridional de Pernambuco (famosa cidade chamada Suíça Pernambucana devido ao seu microclima de temperaturas baixas). Nasceu em 26 de Junho de 1933, ano regido, na época, pelo Estado Novo – presidente Getúlio Vargas. 

O fotógrafo, mais conhecido como Pedrosa, tem muitas recordações de sua cidade natal – estudou no colégio Petula Brasileiro, onde estudou com outras personalidades da cidade. Depois foi estudar no Ginásio Diocese de Garanhuns sob a direção do padre Ademar Valença nos anos de 1942 – em plena Segunda Guerra Mundial.

Seu pai, embora “matuto”, gostava de ouvir a BBC de Londres e Rádio de Berlim. O pai, Antônio Alves Pedrosa, nascido em 10 de agosto de 1882, era altamente democrata e se dedicava a lavoura de café – foi o maior produtor de café do Estado de Pernambuco. Sua mãe, Adriana da Cunha Pedrosa fazia aniversário em 28 de outubro e era natural da cidade de Macaparanã, em Pernambuco onde o avô tinha um engenho. 

Pedrosa começou a fotografar em fevereiro de 1948, quando tinha 15 anos de idade. E um ano depois começou na área cinematográfica. Há 65 anos vem fotografando eventos. Não deixou a profissão porque ama muito a fotografia. Toda a sua vida é dedicada à fotografia e ao cinema – filmou para o grupo Severiano Ribeiro e teve oportunidade de fazer filmes e reportagens sobre o nordeste do Brasil.

Pedrosa não só trabalhou com Luiz Severiano Ribeiro, mas também no Jornal do Commercio, Diario Associados (na época de Assis Chateaubriand), Cruzeiro, Revista da Semana, Jornal O Globo, Sudene (assistiu à inauguração) e na Revista Manchete foi o primeiro representante da revista ao lado de Alexandrino Rocha.

Sua irmã, Maria Auxiliadora da Cunha Pedrosa, era formada em línguas e falava muito bem inglês, francês e alemão. Morou oito meses nos Estados Unidos em 1946 – logo após a Segunda Guerra Mundial. Após 1946 foi morar no Rio de Janeiro, onde Pedrosa teve a oportunidade de passar as férias.

Foi com uma Argus C3, câmera fotográfica emprestada de sua irmã que Pedrosa iniciou como amador e foi o que deu o ponto de partida para a sua jornada na fotografia. Foi com a mesma câmera que, em 1962, fez as fotos da campanha de Getúlio Vargas na praça Joaquim Nabuco – foi a foto que foi publicada no dia do suicídio desse presidente. Começou a cobrir jogos esportivos e reportagens policiais e depois cobriu os eventos sociais junto com Altamiro Cunha – editor da revista do Clube Internacional. Também teve a oportunidade de acompanhar o colunista social chamado Zildo Maranhão e também José de Souza Alencar. Fotografia social, na época em que começou, era uma área pouco explorada – tinha apenas entre 3 e 4 fotógrafos da área.

As pessoas mais importantes para a formação e que deram apoio para entrar na área de fotografia jornalística foi um grande amigo chamado Jota Soares – diretor na época do jornal O Dia, Diário da Manhã e Jornal Pequeno – ele deu oportunidade de fazer muitos serviços de reportagens a serem publicados nesses veículos. Nos anos 1950 teve como amigos Diógenes Montenegro e Murilo do Diario de Pernambuco, Maurício Lacerda, Firmo Neto, Walter Guimarães Mota e Armando Laroucha. Pedrosa também participou das férias de Marcos Maciel e sua família na residência da chácara do pai em Garanhuns. Também teve o apoio da mãe de Marcos – Dona Carmen Lúcia Maciel.

Em março de 1952, teve todo o apoio de Getúlio Vargas e sua comitiva. O então presidente foi conhecer as instalações da hidroelétrica de São Francisco em Paulo Afonso. Foi a convite de Gomes Maranhão e Agamenon Magalhães que Pedrosa conseguiu fotografar Getúlio Vargas abrindo a primeira safira do petróleo do Brasil – Vargas pegou o petróleo na mão e proclamou: “Brasil, o petróleo é nosso”.


É nesse cenário que o fotógrafo João da Cunha Pedrosa firma a sua carreira de 64 anos - ao lado de grandes nomes, de grandes cenários e fatos históricos. Pedrosa presenciou e vivencia hoje a evolução da área de fotografia."


Eu escrevi esse texto em 2013 e fico sabendo hoje do falecimento de Pedrosa. 
Esse grande fotógrafo faleceu dia 26 de janeiro de 2016 aos 82 anos.
Vai deixar muitas saudades!