sexta-feira, 15 de abril de 2022

Sobre escrever + recomendações

Assistir um podcast tomando café faz parte de um ritual. Eu demorei um certo tempo para consumir esse tipo de mídia, mas já faz um certo tempo que tenho esse vício. Não lembro exatamente como começou, mas acredito que foi ouvindo para imergir no inglês. Está comprovado que isso ajuda pra caramba na aprendizagem de um idioma. Faço o mesmo com o espanhol.

Mas não estou escrevendo para falar sobre podcasts. Eu sempre tive interesse em escrever. Meu pai lia estórias para mim, rezávamos e depois eu dormia. Quando fui aprendendo a ler, juntava as sílabas mas não prestava muito atenção às estórias. Porém estava praticando. Depois meu pai não precisava mais ler para mim, eu lia as estórias, orava e ia dormir. Acho que hoje isso se perdeu um pouco.

Com o tempo, eu ia à biblioteca da minha escola. Lá eu pegava os livros de poemas. A partir daí eu quis escrever os meus próprios. A inspiração vinha à minha mente sem ter um papel e lápis à mão. Depois eu esquecia, naturalmente. Mas eu queria escrever, queria ser escritora. Comecei a escrever e a publicar. Não gostava de nada do que eu escrevia.

Porém hoje eu estava ouvindo podcast. [Pronto, agora ela vai fazer a conexão]. Amo ouvir o Tim Ferriss Show. Sou fã. E fui ler algumas recomendações sobre arte japonesa. Mais especificamente sobre Hokusai e Hasui Kawase. Os dois artigos sobre cada um desses artistas me inspiraram para escrever agora. Principalmente o artigo de Maria Popova no The Marginalian: Of Trees, Tenderness, and the Moon: Hasui Kawase’s Stunning Japanese Woodblock Prints from the 1920s-1950s. Agradeço muito por ter aprendido inglês! Lindo demais. Amo uma boa leitura.


Tsunami by Hokusai 19th century

É muito bom amadurecer e aprender coisas novas; ler sobre diferentes assuntos e perceber a vida sob um outro ângulo. Eu fui uma adolescente estúpida. Não me orgulho nada, nada, nada, nada, nada dessa época e não tenho saudade. Mas ainda bem que está no passado. Um episódio recente que aconteceu comigo entre 2021 e 2022, me fez perceber que eu não sou madura. Todo mundo adquire traumas ao longo da vida. Eu também tenho minhas limitações.

Eu, adolescente, jamais me interessaria por neurociência. Jamais iria ficar procurando novos conhecimentos. Até que eu me interessava por certos assuntos de filosofia. Mas não refletia sobre nada, não aprendia nada.

Tudo se conecta: a natureza que é representada por essas ilustrações japonesas, o meu interesse pela filosofia estóica, o momento em que estou vivendo hoje, minha busca por contemplar a vida, essa sombra que me persegue e essa frase de Walt Whitman citada no artigo de Popova: “A natureza permanece... as árvores, os campos, as mudanças das estações - o sol de dia e as estrelas do céu à noite.” [talvez a melhor tradução seria “a natureza persevera”, não sei].

Morning at Hot Spring Resort - Kawase Hasui

Duas coisas que me fazem me sentir completa, leve e plena: correr ao pôr do sol na orla, ler um bom livro. Eu amo estar com os meus pensamentos e de ter sensações que eu não preciso compartilhar - eu só preciso sentir. Eu existo. Eu penso. Eu vivo. Não vai deixar de fazer sentido se eu não compartilhar com ninguém. Cada um sente as coisas de maneiras diferentes. A gente não consegue sentir e nem pensar pelo outro. Eu sou feliz e plena quando, depois de uma corrida, me sento para observar o horizonte olhando as ondas quebrarem nas rochas, a luz indo embora, as cores no céu mudando.

Aonde eu quero chegar com isso? Para lugar nenhum! Foi por isso que deixei de escrever. Pelo menos, eu deixo essas recomendações. 


Up on the hill
People never stare
They just don't care
Chinese music under banyan trees
Here at the dude ranch above the sea
Aja
When all my dime dancin' is through
I run to you
Up on the hill
They've got time to burn
There's no return
Double helix in the sky tonight
Throw out the hardware
Let's do it right
Aja
When all my dime dancin' is through
I run to you
Up on the hill
They think I'm okay
Or so they say
Chinese music always sets me free
Angular banjoes
Sound good to me
Aja
When all my dime dancin' is through
I run to you

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