terça-feira, 17 de outubro de 2017

Trechos do livro Quando Nietzsche Chorou de Irvin D. Yalom

Quando Nietzsche Chorou
Irvin D. Yalom



Achar tudo profundo, eis um traço inconveniente. Faz com que forcemos a vista o tempo todo e, no final, encontra-se mais do que se poderia desejar. P. 111

Não sei porque viver! Não sei como viver! P. 177

Houve um momento hoje em que experimentei uma estranha ausência. Senti-me quase como se tivesse em transe. Talvez eu seja, afinal, suscetível ao mesmerismo. P.226

Às vezes, é pior para um filósofo ser compreendido do que ser mal compreendido. Ele tenta me compreender bem demais; ele me adula na tentativa de obter orientações específicas. Quer descobrir meu rumo e usá-lo também como seu rumo. Ele não compreende que existe um rumo meu e um rumo dele, mas que não existe “o” rumo. Ele não pede orientações diretamente, mas me adula e finge que sua adulação é outra coisa: ele tenta me persuadir de que minha revelação é essencial ao processo de nosso trabalho, de que o ajudará a falar, nos tornará mais “humanos” juntos, como se chafurdar na lama juntos significasse ser humano! Tento ensinar-lhe que os amantes da verdade não temem águas tempestuosas ou turvas. O que tememos são águas rasas! P. 226

Chegar aos 40 abalou a ideia de que tudo me era possível. Subitamente, entendi o fato mais óbvio da vida: que o tempo é irreversível, que minha vida estava se consumindo. É claro que eu já sabia disso antes, mas sabe-lo aos 40 foi uma espécie diferente de saber. Agora, sei que o “rapaz infinitamente promissor” foi meramente uma ordem de marchar, que “promissor” é uma ilusão, que “infinitamente” não tem sentido e que estou em fileira cerrada com todos os outros homens marchando em direção à morte. P. 235

Viva enquanto viver! A morte perde seu terror quando se morre depois de consumida a própria vida! Caso não se viva no tempo, certo, então nunca se conseguirá morrer no momento certo. P. 301

Primeiro desejar aquilo que é necessário e, depois, amar aquilo que é desejado. P. 343

Cada um de nós deve percorrer seu próprio caminho. P. 366

Amor fati: escolhe teu destino, ama teu destino. P. 366

Tive de procurar alguns livros para vender e assim ajudar uma senhora. Entre eles, estava este livro que li anos atrás. Encontrei duas folhas soltas com essas partes do livro e comecei a reencontrá-las no livro para colocar a página que tinha a frase/trecho. Os trechos e frases a seguir, não consegui encontrar no livro - mas provavelmente está lá (porque estava entre as minhas anotações nas duas folhas):

Isaac estava fazendo 60 anos e descreveu um sonho que tivera na noite anterior. Ele estava percorrendo uma longa e escura estrada e tinha sessenta moedas de ouro no bolso. Estava certo daquela cifra exata. Tentava segurar as moedas, mas elas caíam por um buraco no bolso e estava escuro demais para achá-las.

O sonho deve ser um desejo de perder anos e se tornar mais jovem.

Pode ser que o sonho tenha expressado um temor: o temor de que seus anos estejam acabando e de que logo não restará mais nenhum!

Ele estava em uma longa e escura estrada tentando recuperar algo que perdera.

Talvez os sonhos possam exprimir quer desejos, quer temores. Ou talvez ambos.

Acredito agora que os medos não brotam das trevas; pelo contrário, eles são como estrelas: estão sempre ali, mas obscurecidos pelo clarão da luz do dia.

Os pensamentos são sombras de nossos sentimentos: sempre mais escuros, vazios e simples.

Ninguém mais morre devido a verdades fatais hoje em dia; existem antídotos em demasia.

De que serve um livro que não nos transporte além de todos os livros.

Qual é o sinal da libertação? Não mais se envergonhar diante de si próprio!

Morrer é duro. Sempre senti que a recompensa final dos mortos é não morrer nunca mais!


Para mim a palavra “dever” é pesada e opressiva. Reduzi mais deveres a apenas um: perpetuar minha liberdade. O casamento e seu séquito de possessão e ciúme escravizam o espírito. Eles jamais me dominarão. Espero, que chegue o tempo em que nem o homem nem a mulher sejam tiranizados pelas fraquezas mútuas.

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