quarta-feira, 30 de setembro de 2020

não sei se poderei chegar aos 10 quilômetros um dia


3,6km (2,6+1)
30 de setembro de 2020, às 16h

Já saí de casa na intenção de me superar. Quero aumentar cada vez mais a minha resistência respiratória e física para um dia correr 10 quilômetros - meu objetivo final. Foi desafiador como sempre. Mas estou um pouco receosa. Explico:

Há um ano eu recebi o diagnóstico do meu joelho esquerdo. Depois de uma corrida, eu senti o meu joelho e achei que fosse uma dor normal, qualquer, muscular e que iria passar em dois, três dias. Porém a dor não passava. Eu passei alguns meses sem correr e finalmente procurei um profissional para saber o que fazer e voltar às corridas.

Tive de fazer fisioterapia durante um tempo, cortei alguns exercícios que eu nunca mais poderei fazer, fiz exercícios de musculação para reforçar a musculatura, alongamento que eu devo fazer todos os dias para sempre e só depois de alguns meses é que eu pude voltar a correr. 

Super normal sentir o meu joelho durante e depois da corrida. E sempre faço alongamento quando eu chego em casa. Mas para ser sincera comigo mesma, não sei se poderei chegar aos 10 quilômetros um dia.

Talvez (e eu espero que sim), a dor seja mais notável porque não tenho ido à academia fazer o fortalecimento dos músculos. E obviamente que diminuí muito as atividades fisicas. Tenho feito em casa (praticamente todos os dias), exercícios de alta intensidade. Porém tenho me focado em definir a área superior. Até porque eu tenho muito medo de fazer certas atividades que poderão machucar ainda mais o joelho.

Não vou tirar conclusões precipitadas em relação à minha capacidade de atingir meu objetivo, porque toda corrida para mim é um grande desafio onde eu sempre me supero. Às vezes eu tenho medo de não aguentar, de vacilar as pernas ou até de passar mal por falta de oxigênio, mas eu sempre me supero e me surpreendo com o quanto pude esticar a minha resistência (principalmente respiratória).

Eu já falei aqui que a corrida para mim, assim como nadar no mar, é uma forma de meditação. Eu me sinto completamente renovada depois de uma corrida. E mesmo durante a corrida eu me sinto muito plena. Tenho certeza de que é um grande privilégio meu poder correr na orla de Olinda. Não por ser Olinda, mas porque eu posso ver as cores do pôr do sol no céu, o horizonte do mar, às vezes a lua, os pescadores, os barcos, os kite surfers, as aves planando no ar ou aquelas que estão planando sobre o mar para caçar um peixe, as ondas que se quebram com violência, os cachorros, as crianças brincando, os idosos ativos e tantas outras coisas incríveis da vida. Não tem coisa melhor do que se sentir em paz e pleno.

Hoje foi um dia particularmente especial porque eu revi dois amigos. E foi tão inesperado. Parece que o Universo tramou para que eu fosse uma pessoa mais feliz hoje. Porque eu também recebi uma proposta de ensinar inglês e vou ensinar o pouco que eu sei para duas grandes amigas. Além disso tudo, hoje é o aniversário de uma amiga do coração. Nos conhecemos há mais de uma década já. E o meu namorado está resolvendo suas coisas, finalmente.

O dia foi corrido duplamente. Mas eu não pude estar mais feliz. Tem sido difícil essa quarentena por vários motivos. Às vezes nem é culpa da quarentena, mas ela está inserida no período.

Que todas as corridas sejam uma forma de me sentir mais feliz, plena e inspirada!

Trilha:
Blind Melon - Blind Melon (1992) 

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

fui até a Praia Popular Filmada por Regina Casé e voltei

 


3,2km
17 de setembro de 2020, às 16h

Aparentemente eu fui até a Praia Popular Filmada por Regina Casé e voltei. [não sabia nem que Regina Casé tinha passado por aqui]

Dessa vez consegui fazer a minha média de quilometragem (o que eu fazia antes da quarentena). Saí de casa umas 16h dessa vez e agora acredito que este seja o melhor horário. Provavelmente não é um horário bom para encontrar uma orla com poucas pessoas. Mas eu gosto desse horário. À noite é péssimo porque não tem iluminação que preste nessa cidade. E pela manhã bem cedinho estou dormindo, muito obrigada.

Estamos saindo de quarto minguante e entrando na lua nova. Hoje a orla estava repleta de pescadores. O mar estava para peixe pelo visto, e bastante cheio - invadindo mais uma vez a pista. Mas já vi pior. Porém de fato a maré estava alta nesse horário e eu nunca tinha visto tantos pescadores na orla como vi hoje.

Mas estou muito realizada porque dessa vez não parei a corrida para alongar minha perna. E sim, meu joelho doeu como sempre.

Na ida, eu fui devagar como sempre. Estranhamente eu senti o joelho normal e comecei a pensar: "Pronto, agora são os dois!". Mas tentei dar umas esticadas na perna sem comprometer a corrida. Não imaginem como é isso e também acho perigoso fazer isso durante a corrida. Maaaaas eu fiz. Acho que deu certo.

De novo, estou atualmente focando na distância e não no tempo, então fui devagar mesmo.

Na volta, vento contrário. Ou seja, na ida o vento estava ao meu favor e não sabia. Mas o vento contrário torna a corrida mais desafiadora. Deu a impressão que eu estava correndo ainda mais devagar, mas acho que mantive o passo. No último minuto, no entanto, eu dei uma acelerada como eu sempre fazia nas corridas pré-quarentena. Muito feliz por isso. Ainda consegui ir um pouco mais além do meu ponto de partida, porém não contei essa distância (até porque ela é mínima e não faz a menor diferença).

Sobre as dores: senti bem menos que as duas corridas anteriores. O mais estranho mesmo foi a dor no joelho normal no começo da corrida. Mas acho que é normal pois não fiz alongamento e já tem dois dias que não faço alongamento, e nem me aqueci propriamente.

Hoje eu tive de tomar cuidado pra não atropelar um Pinscher que andava de lado. Ele estava usando uma roupa que dizia "I love my Daddy". Ou algo do tipo. Se cada piscada de olho fosse uma fotografia... Vocês veriam paisagens lindas. Eu gosto de apreciar o horizonte enquanto eu corro. Por isso gosto tanto desse horário.

Pensei agora naquele google glasses que tem uma câmera no meio. Mas aquele óculos é feio, caro e não tem grau. Não sei nem se existe mais. Vou pesquisar...

Queria pontuar uma coisa: eu corro com mp3 e nenhuma tecnologia ou app que eu possa fazer a rota, distância, tempo, batimentos ou calorias. Quando eu tiver condições, terei um relógio que me dê essas informações. Mas por enquanto isso não me é importante.

Trilha sonora:
Jack Johnson (in general)

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Releitura de Bonsai - impressões de leitura

Na minha primeira lida, eu não vi muita coisa nesse livro. Mas ele se tornou best-seller e foi muito bem vendido pela Cosac Naify*. Eu fiz uma segunda leitura e mudei minha opinião. Considero Bonsai uma obra importante para a formação do leitor. Por quê?

O Alejandro Zambra é muito bom em dizer muito usando poucas palavras. Tanta coisa acontece nesse livro pequeno. E não só ações, mas os personagens são muito bem construídos também.

Eu não me identifiquei e nem simpatizei com nenhum dos personagens. Mas eles são bem representados na história.

A história também não é das minhas favoritas, mas a narrativa é bem construída e sucinta. O autor tem essa habilidade de construir uma história complexa e personagens bem desenvolvidos em poucas palavras - sem usar muitas descrições.

A relação entre dois dos principais personagens aqui se baseia em omissões e mentiras - o que não chega a ser dramático, mas é cômico. A história é trágica porque Emilia morre jovem (e isso não é um spoiler). No primeiro parágrafo do livro, o narrador conta:

"No final ela morre e ele fica sozinho, ainda que na verdade ele já tivesse ficado sozinho muitos anos antes da morte dela, de Emilia. Digamos que ela se chama ou se chamava Emilia e que ele se chama, se chamava e continua se chamando Julio. Julio e Emilia. No final, Emilia morre e Julio não morre. O resto é literatura:"

As mentiras e omissões pairam nesse livro. Tanto é que o título - Bonsai - surge de uma mentira de Julio - e essa também é uma parte cômica do livro porque, para impressionar uma mulher - a María, Julio confirma que estava trabalhando na transcrição de uma obra de um escritor famoso chamado Gazmuri, mas ele não consegue o serviço. Mesmo assim, Julia sustenta a mentira de estar trabalhando para esse escritor e ele mesmo vai forjar uma obra escrita à mão em que ele mesmo vai ter de forjar e escrever uma história - daí vem o nome Bonsai (o livro que Julio supostamente está transcrevendo). Para isso, Julio compra vários guias e manuais sobre bonsai - e essa é a grande conexão entre a história e Alejandro, o autor, porque ele é um grande apreciador de manuais e livros técnicos sobre bonsais.

Eu considero esse livro importante para a formação do leitor e também para aqueles que querem se formar como escritor.

A genialidade desse livro é de contar uma história que termina trágica, mas é cômica. Uma história complexa, mas muito bem desenvolvida em apenas 91 páginas.

Atualização 21.09.20:
Coisas a se notarem:
1. No segundo capítulo, o seguinte trecho:

"Tantalia" é a história de um casal que decide comprar uma plantinha para conservá-la como símbolo do amor que os une. Percebem, tardiamente, que se a plantinha morrer, morrerá com ela o amor que os une. E como o amor que os une é imenso e por nenhum motivo estão dispostos a sacrificá-lo, decidem fazer a plantinha se perder entre uma multidão de plantas idênticas. Depois ficam inconsoláveis, infelizes por saber que nunca mais poderão encontrá-la.

2. "Sobras" romance que Gazmuri escreve, é sobre um casal onde a mulher morre. E que Julio, ao mentir sobre a emprego de transcrição para María, diz que o romance se chama Bonsai. Para conservar a mentira, chega a cultivar um.

3. Julio desenha uma árvore em abismo.

Se Tantalia é uma história onde uma plantinha representa o amor entre um casal e Julio conserva um bonsai com certo apreço e depois desenha uma árvore em abismo. Pode-se fazer uma metáfora sobre a história Tantalia, a história Sobras e a própria vida de Julio. 

E que, na verdade, aquilo que eu não considerei tão trágico assim. É muito trágico. Julio gasta toda a sua economia rodando de táxi pela cidade transtornado com a notícia da morte de Emilia - que morre um ano antes e que durante muitos outros anos eles já não se viam.

*é considerado um dos melhores livros publicados pela editora e também foi um dos mais vendidos na Flip (Festa Literária Internacional de Paraty).

Leia: Trechos do livro Bonsai

Design do livro por Flávia Castanheira

quarta-feira, 9 de setembro de 2020

mesma rota

 


1,4km + 1,4km = 2,8km
09.09.20

Hoje foi exatamente a mesma coisa que a corrida anterior.

Porém senti mais dor (principalmente na panturrilha). Não sei se tem a ver com o exercício de agachamento lateral que eu fiz na noite anterior (provavelmente sim). Mas parei pra alongar e deu uma aliviada.

Eu fiz essa rota mais ou menos em 25 minutos. Fui bastante devagar para poder respirar bem, oxigenar e aguentar a dor.

[Não vou entrar no mesmo assunto sobre pessoas que usam perfume forte pra correr ou caminhar. De nada.]

Fui depois do almoço de novo. Esperei mais ou menos 1h30 pra fazer a digestão. Pra mim foi ok. Mas acho que próxima vez vou tentar almoçar cedo e fazer um lanche leve antes da corrida.

Resolvi dá uma meditada olhando as ondas do mar e o horizonte. É tão bom. Torna o dia mais especial.

Trilha da corrida:
Van Halen - 1984 (album)