sábado, 21 de março de 2020

uma última corrida antes do isolamento - #coronavírus #quarentena


6km
18 de março de 2020

Eu amo correr, mas não faço isso com tanta frequência.

Passei quase uma semana sem treinar qualquer coisa porque não estava me sentindo muito bem. Uma espécie de azia. Além de duas eventualidades.

Então aproveitei essa semana como pude. A notícia do corona vírus foi se intensificando. A academia e o CT fecharam as portas.

Então na quarta-feira decidi fazer uma corrida antes de me isolar completamente. Confesso que no começo achava tudo isso desnecessário. Mas tratando-se de um vírus, pode ser muito difícil de controlar. Eu não tenho medo de pegar, eu tenho medo de passar para outras pessoas.

O movimento na orla até que estava intenso. Não sei se todo mundo pensou o mesmo que eu, mas tinha bastante gente praticando exercícios. Até alguns bares estavam abertos. Agora acho que não estão mais.

Não planejei com antecedência como ia ser. Na verdade eu nunca determino quantos quilômetros eu quero fazer. Às vezes eu até tento ter um objetivo em mente, mas eu não tenho como saber exatamente a quilometragem. Não ando com celular na rua. Geralmente eu só quero me superar mesmo.

A primeira corrida do ano foi a primeira corrida depois de meses, então não criei muitas expectativas. Mas dessa vez eu estava com disposição.

Um dia, eu quero ter resistência para 10km ininterrúptos. Mas por enquanto meu objetivo é chegar aos 5km muito bem, obrigada.

Comecei com uma pequena caminhada procurando um ponto de referência fácil para dar a minha partida. Escolhi o album Dirty do Alice in Chains para começar minha jornada. Depois que a primeira música do álbum terminou, o mp3 se desligou. Ainda correndo, coloquei de novo, agora na segunda faixa e o mp3 se desligou de novo depois. Então fui obrigada a fazer a corrida com um headphone sem escutar música alguma na porra do mp3.

Durante a corrida, já estava subconscientemente acordado o meu ponto de destino. Mas eu não fazia ideia se ia conseguir chegar até lá. E eu só ficava pensando: "Me alimentei tão mal que não sei se vou conseguir ter energia pra isso. Só espero não ter um treco. Que ao menos eu consiga chegar na metade do caminho para não passar vexame". Nesse caso, auto-vexame.

Mas deu tudo certo. Sempre é a mesma coisa: a cada passo, ofegante, a incerteza. Eu diminuí a velocidade logo no começo. Eu já corri mais rápido. Mas se eu não tivesse diminuído, eu não teria conseguido chegar onde queria. Agora lembrei que, bem quando eu era uma iniciante 101 na corrida, meu treinador de funcional da academia, Bruno, havia me dito que se eu diminuísse a velocidade da corrida, eu ia conseguir controlar mais a respiração e aumentar a distância.

Eu gostaria de ser um pouco mais rápida. Mas, por enquanto, eu só me importo em ter a distância como parâmetro.

Então, houveram momentos durante a ida que eu controlava muito bem a respiração e praticamente não sentia o esforço. Porém, em outros momentos, eu implorava para dar uma parada e tomar um ar fresco. Mas é aquilo né: foco, objetivo, foco, objetivo, superação.... A ambição vai mais longe. Eu acho.

Os cachorrinhos são os melhores momentos da corrida. A minha vista parece ter um ímã pra olhar os cachorrinhos que passeiam ou descansam na orla. De resto, eu só olho para frente para me desviar das pessoas. Ficar atenta para não colidir com ninguém, prever situações para me desviar com antecedência, dar espaço para outro corredor ou ciclista sem noção fora da faixa dele (dá vontade de empurrar e derrubar essas desgraças).

Eu saí um pouco tarde de casa. Ainda estava um pouco claro quando saí de casa, mas em pouco tempo escureceu. Nada de reflexos bonitos do pôr do sol. Na verdade, esse é um grande motivo para eu sair para correr. E me inspira tanto que dá vontade de dar uma meditada.

Então, na ida eu fiz 3,4km (segundo informações do google maps). Eu parei porque tive de parar. Meu tornozelo estava doendo, senti o início de um calo, muito ofegante (obviamente), joelho doeu um pouquinho. Então parei e voltei com uma pequena caminhada.

[Já que tinha parado, vamos ver se o mp3 volta a funcionar. Aí quando ligo, ao invés de estar na pasta do Alice in Chains, estava na pasta que eu tinha ouvido em casa horas antes - Amy Winehouse. Então descobri que meu mp3 não estava funcionando para Alice in Chains, mas estava para Amy Winehouse].

Dessa vez com música no headphone, já recuperada 30% (difícil dar um percentual), dei partida à segunda etapa da corrida - a volta. E lá estava eu correndo já à noite, pouquíssima iluminação, não enxergava muito bem o chão (se tinha algum coração negro para pisar ou buraco ou falha em que eu pudesse tropeçar).

E lá estava eu correndo para voltar em casa logo, lavar os pratos, cozinhar inhame, cuidar dos gatos...

Estava um pouco mais confiante na volta, apesar da falta de iluminação e também de me sentir uma obesa. Explico: minha perna parecia pesar cem quilos. Foi difícil, mas chegamos bem. Fiz mais 2,6km. Sobrevivemos.

Agora só Deus sabe quando é que vamos poder correr novamente ao ar livre.

Torcer para que acabe logo esse corona porque já estou com saudades.

Rumo aos 10km:
goal 1 - 5km ininterrúptos;
goal 2 - 10km com 2 paradas, no máximo;
goal 3 - 10km ininterrúptos.

Por enquanto é isso.

sexta-feira, 20 de março de 2020

Trechos de A Livraria (filme)


“Uma vez, ela me disse: ‘Quando lemos uma história, nós a habitamos, a capa do livro é como um teto e quatro paredes, uma casa’. Ela gostava, mais do que tudo no mundo, do momento em que terminava de ler um livro e a história ficava se repetindo como um sonho vívido na cabeça.

“Um bom livro é a destilação preciosa do espírito do mestre, embalsamada e preservada com o propósito de alcançar uma vida além da vida, sendo por isso, sem dúvida, um produto necessário”.

A Livraria (filme)

quinta-feira, 19 de março de 2020

1ª corrida de 2020

2,4 km

7 de fevereiro foi a primeira corrida de 2020 depois de meses sem correr.

Não que o problema do joelho tenha sido resolvido, mas ao menos controlado. Não tem como resolver, mas também não é o fim do mundo. Quando o médico recebeu o resultado da minha ressonância magnética e começou a me explicar o diagnóstico, eu fiquei bastante preocupada porque correr é uma das coisas que eu mais gosto de fazer.

Foi tempestade em copo d'água. E mesmo que fosse grave, não era o fim do mundo. Eu estaria sendo muito ingrata com o universo.

Nada que musculação e alongamentos não resolvam.

E agradeço muito ao ortopedista por ser honesto ao não me sugerir a cirurgia. A fisioterapia funcionou muito bem e agora é só me exercitar sempre para fortalecer os músculos, alongar e usar o tênis recomendado.

Fiz uma boa corrida, sem dores, feliz da vida.

[sobre a corrida que eu descobri o problema no joelho]

Logo após estarei postando sobre a segunda corrida, em tempos de quarentena.