sábado, 29 de dezembro de 2012

Lua

Lua imagem nua
Riqueza de prata
Nudez só sua
Claridade refrata
Suspensa no ar
Em camada fina
Semblante dum par
Colírio de retina
Fomento de espaço
Orientação contínua
Alivia mormaço
Suave nas fases
Insinua...
A crescente beleza
No minguar de sonhos
Cheia como alteza
Novamente...
Ainda somos risonhos!

Ângelo Lima

domingo, 23 de dezembro de 2012

Jornalismo Cultural - Daniel Piza


Aqui vai algumas anotações sobre o livro Jornalismo Cultural de Daniel Piza. Cada capítulo está analisado aqui. Apesar de ter muitos trechos do livro, não se pode dispensar essa leitura maravilhosa e importantíssima para estudantes de Jornalismo e para quem gosta de escrever sobre. 
Utilizo muito a abreviação que fiz (não sei se já existe). JC = Jornalismo Cultural e não Jornal do Commercio


Sinopse

Este livro descreve a fascinante trajetória do jornalismo cultural e dá orientações preciosas a quem se dispuser a produzi-lo. Embora seja muitas vezes relegado a segundo plano pelos veículos de comunicação - costuma ser uma das primeiras vítimas de cortes de pessoal e reduções de custos -, o jornalismo cultural continua entre os preferidos do público e ganha cada vez mais status entre os jovens que pretendem seguir a profissão. Praticá-lo, no entanto, é muito mais do que emitir opiniões sobre filmes, livros, peças de teatro e novelas. É um exercício constante de aprimoramento e busca pela informação.
Primeiro capítulo: Daniel Piza mostra a história de como surgiu o jornalismo cultural e fala, em ordem cronológica, da Inglaterra, EUA e Brasil e seus principais nomes e personalidades (escritores e jornalistas) e grandes jornais que fizeram parte dessa corrente de Jornalismo Cultural. Neste capítulo ele diferencia o Jornalismo Cultural e Jornalismo Literário* dizendo que este não faz jornalismo sobre literatura, mas tem recursos de literatura (descrições detalhadas, muitos diálogos e etc.).

Segundo Capítulo: O negativo do JC se encontra neste capítulo. Aqui o autor fala sobre Indústria Cultural, cultura, elitismo (qualidade) e populismo. Deixa claro que o "filtro jornalístico tem falhado em método e eficácia". E ainda faz um apelo na página 48: "Há indivíduos que só leem romance policial, os que só ouvem jazz, os que só querem saber de cinema 'de arte', os que só gostam de livros de autoajuda. Não resta dúvida de que esses critérios é nocivo, pois limita e vicia a sensibilidade". Aponta que o jornal impresso (no Brasil) se limita em cinema americano, TV brasileira e música pop. 
Três partes deste capítulo que merece ser lido:
  • "Um cidadão mais consciente de suas escolhas, simultaneamente mais crítico e mais tolerante, é um cidadão melhor - que erra do mesmo jeito, mas tem mais chance de corrigir o erro ou ao menos de saber por que errou".
  • "Ser culto é pertencer a todos os tempos e lugares, sem deixar de pertencer a seu tempo e lugar. O JC deve se nutrir disso".
  • "O padrão das colunas caiu em parte porque foram entregues a 'personalidades' que se destacaram mais por seu nome que por seu texto".

Terceiro capítulo: Entre muitas coisas interessantes nesse capítulo vou citar apenas o que compreendi ser mais importante.
Quando o autor no tópico "Adendo: colunas de opinião" fala sobre o colunista inglês, historiador conservador Paul Johnson que escreveu que um bom colunista deve ter cinco atributos: 
1. sabedoria (viagens, vivência social, conhecimentos gerais)
2. leitura (sem ser livresco ou professoral, mas sempre atento às ideais)
3. senso de notícias (recomendando três de quatro colunas dedicadas a um assunto em voga)
4. variedade (não ficar num só tema, especialmente se for político ou econômico)
5. personalidade (a primeira pessoa é imprescindível - "Uma coluna impessoal é uma contradição e termos, como um diário discreto" -, mas o tema constante não deve ser o autor, ou suas relações pessoais).

No tópico seguinte, "reportar é saber", Piza diz que no JC existe espaço para a reportagem noticiosa assim como acontece em "hard news". "O jornalista pode revelar uma ação entre amigos numa premiação ou o calor de um novo contrato de algum famoso. Pode denunciar uma falcatrua na política cultural, ou adiantar o nome do novo secretário ou ministro do setor, ou demonstrar como os recursos públicos não estão chegando aos produtores culturais. Ou pode mapear os problemas dos museus da cidade, as dificuldades técnicas e financeiras de produzir um disco de qualidade no Brasil etc. Ou ainda antecipar inéditos de um grande escritor ou revelar que ele, digamos, colaborou com algum regime autoritário".

Quando digo que Daniel Piza é generoso, não falo nenhuma mentira. Dicas sempre são bem-vindas, e ele faz isso muito bem no tópico "Dez dicas". Lá vão elas:
1. Não "compre" nenhuma versão. Duvide sempre do que ouve e faça contraste com outros -pomos- pontos de vista. Não tenha medo de perguntar o que quer que seja a quem quer que seja.
2. Faça abertura de texto atraente, sem demorar demais a introduzir o leitor no ponto central da matéria.
3. Mantenha ritmo no texto, amarrando uma informação na outra, para não perder a leitura. Agilidade é indispensável, sem prejuízo do teor informativo. Textos ralos ou que simplesmente empilham os dados são os mais tediosos. Examine a possibilidade de cortar cada palavra.
4. Hierarquize as informações. Escolha as falas e os fatos mais importantes: nem tudo que se apura tem interesse para o leitor. Cuidado com os advérbios. É melhor dizer "nos últimos 15 meses" do que "ultimamente". Quanto pior a precisão, melhor. E o tamanho do parágrafo é determinado pela necessidade de completar uma informação ou argumento, não por um número de linhas imposto de fora.
5. Evite clichê: chavões ("separar o joio do trigo", "procurar uma agulha no palheiro"), adjetivos gastos ("cena intrigante", "final comovente"), termos pomposos ("deficiente visual" é "cego)". use trocadilhos com parcimônia. Seja coloquial e fluente, sem ser banal e previsível.
6. Preocupe-se em dar título, em propor a foto, em fazer legendas, chapéus e olhos, em interagir com a diagramação. Esses recursos dão cara e cor ao texto e é fundamental que tenham coerência entre si. Nada mais chato para o leitor do que uma produção visual que promete uma matéria que não é aquela e vice-versa.
7. Não abuse dos verbos "discendi", como "diz", "afirma" etc. Muitas vezes o autor fala já está subentendido e a interrupção das aspas só atrapalha. Também não é preciso ficar alterando o verbo, apenas para não repeti-lo: dê preferência ao "diz". E verbos como "ironiza", "alfineta" etc só são úteis quando a fala do entrevistado não deixou claro se ele está ironizando ou alfinetando.
8. Traduza sempre que possível o jargão do setor. Um título como "Solos revitalizam investigação coreográfica" (de uma crítica de dança da iFolha de S.Pauloi em 2003) ou "Fulano plastifica o vazio" (de uma crítica de artes visuais de iO Estado de S.Pauloi em 2001) afastam tanto o não especialista como o especialista no assunto. Mostrar familiaridade com o assunto é saberexpô-lo de forma clara. Citações devem ser usadas quando é realmente notáveis, não como argumento de "autoridade". E modere o "nomedropping", as longas sequências de nomes ou títulos.
9. Seja criativo no texto e na edição. Manuais de redação são apenas para orientação e padronização. Nenhuma "objetividade jornalística" implica não usar metáforas, riqueza verbal, humor. Ou esquecer a importãncia da pontuação; o ponto e vírgula, por exemplo, parece ter desaparecido dos jornais e revistas. E nada mais desencorajador do que um título como "Novo livro de Lygia Fagundes Telles chega hoje às livrarias".
10. Dê um fecho ao texto.

Quarto capítulo: Este último capítulo é para ter orgulho do Jornalismo Cultural. Daniel Piza fala sobre seu trabalho quando o jornal chegou no auge em JC. Conta sobre uma reportagem que teve uma ótima repercussão sobre o Parque Nacional de Serra da Capivara (PI).
"Acreditamos no prazer do texto e fomos reconhecidos por isso" sobre o caderno Fim de Semana.
O autor diz que para ser um bom jornalista cultural é preciso ser "inteligente sem ser chato, agradável sem ser frívolo, provocante sem ser antipático" e tratando o leitor com respeito, não bajular e não chocar.
Fala sobre a importância do Jornalismo Cultural e também de suas divergências. 

Daniel Piza morreu em 2011 de AVC aos 41 anos de idade. Escreveu 17 livros e era colunista do  jornal O Estado de S.Paulo. Deixou mulher e três filhos.

Apesar de ser um ótimo livro, até porque o Daniel Piza tem uma escrita que agrada a qualquer leitor (talvez por ter sido jornalista), o livro é cheio de erros de edição. Parece até que não deu tempo de ser revisado. O que eu acho um desrespeito ao autor e ao leitor. Mas felizmente não impede a leitura. Os erros não são tão gritantes a ponto do leitor desistir da leitura. Acho que graças ao Daniel isso foi possível. E que D. o tenha!

Não fique satisfeito só com o que escrevi do livro aqui. Compre o livro e leia que será muito mais proveitoso.

*Leia também: Jornalismo Literário - Felipe Pena

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

O Mistério de Sittaford - Agatha Christie

O Mistério Sittaford é um romance policial escrito por Agatha Christie e publicado em 1931.

Sinopse

Na remota localidade de Sittaford, prestes a ser assolada por uma poderosa tempestade de neve, um grupo de vizinhos reunidos na imponente mansão que dá nome ao lugar resolve se entregar a um passatempo excitante e aparentemente inofensivo: uma sessão espírita improvisada. O que deveria ser uma distração sem maiores consequências assume tons sombrios quando a mesa dos espíritos soletra o nome de um conhecido de todos os presentes, seguido da palavra “assassinado”. Trote de mau gosto ou um aviso sobrenatural? Em mais um de seus engenhosos romances, Agatha Christie surpreende os leitores com a narrativa misteriosa de um crime que teoricamente não poderia ser cometido.



Enredo
Sittaford House é uma mansão localizada em um pequeno vilarejo da campanha inglesa. O dono da casa, Joseph Trevelyan, não resistiu à oferta de alugá-la durante o inverno para as senhoras Willett e Violet Willett, mãe e filha, e se mudou provisoriamente para a cidadezinha mais próxima. Ao redor da mansão existem seis casas menores, construídas e vendidas ou alugadas pelo Sr. Trevelyan.

As novas moradoras da mansão querem estabelecer boas relações com os vizinhos e convidam-nos frequentemente para tomar chá e jogar nas frias tardes do inverno inglês. Numa tarde, decidem jogar o jogo do copo, onde o objetivo é comunicar-se com os espíritos. Durante o jogo recebem a mensagem de que o Sr. Trevelyan foi assassinado naquele momento.

O seu melhor amigo, que mora numa das casas e participava do jogo, sai no meio de uma nevasca para saber se realmente acontecera algo com Trevelyan, chegando na cidadezinha, descobre que era verdade: seu amigo foi assassinado misteriosamente.

É, assim, acusado o sobrinho do Sr. Trevelyan, mas a sua namorada, Emily Trefusis, em associação com um jornalista, Charles Enderby, não se dá paz. Vai para o vilarejo de Sittaford investigar a situação para provar a inocência do seu amado.

[...]