As mazelas de nossa época
O livro começou pesado com Doutor Sádico e eu achei que ia
ser assim o resto do livro. Mas não. E ainda bem que não. Porque Carlos
levantou questões que acontecem ao nosso redor. As reações e suas
conseqüências. Nunca paramos pra pensar o quão agonizante deve ser estarmos à
mercê de um ladrão armado bêbado invadindo nossa casa, matando todo mundo. Matar
a pessoa errada sem querer. Coisas que acontecem por aí.
“Telefone sem fio” mostra como uma simples história pode se
transformar em um boato com a ajuda de pessoas que não tem nada a perder
adicionando inverdades só pra ver o circo pegando fogo. Acontece diariamente.
Henrique é um personagem comum. Aquela pessoa que passa o
dia jogando para escapar da realidade. Semelhante a isso, as redes sociais para
o mesmo fim.
Guliver é outro personagem comum do nosso tempo. Com
dificuldades de concentração, que se apaixona pela música mas infelizmente é
pressionado a seguir a mesma carreira do pai. Tratado diferente de seu irmão
mais novo (que se identifica mais com a profissão do pai), se torna um jovem
revoltado, se sentindo injustiçado e sai de casa conhecendo as drogas.
Como uma ex-cristã, gostei muito da discussão sobre a religião. Poucas vezes eu li algo bem embasado.
Achei que a intenção de Carlos foi elucidar essas “mazelas”,
vamos dizer assim, do nosso tempo. Acho que o livro é muito mais interessante
para os jovens adolescentes, acho que esse é o público principal.
“Não sei se precisamos de psicólogos ou de uma razão pra
viver”. É engraçado e estranho mas foi isso que refleti quando terminei de ler
o livro, rs.
Gostei das várias citações.
E essas ilustrações fizeram todo o diferencial. E a capa me lembrou “O Retrato” de Gogol.
PS.: Escrevi em 16/09/2016 para o skoob