quinta-feira, 27 de junho de 2019

pôr do sol de abril e lembranças que não voltam


Mais um dia de corrida. Nothing special.

Fui levar um material perto e aproveitei a oportunidade para dar uma corridinha.

Hoje foi só uma corridinha bem lenta. Acelerei o ritmo como se fossem os 100 metros rasos.
[Parece que tem um tom de humor aqui].

Fiz praticamente a mesma distância da caminhada, uns 2,9km [durou uns 20 minutos de corrida].

Só deu para ver ao horizonte apenas uma nuvem com reflexo do pôr-do-sol. O céu já estava tomado por um azul arroxeado escuro, pesado. Muito sombrio.
[humor]

Bastante diferente de quando fui resolver não-sei-o-quê na autoescola. O pôr-do-sol estava lindo. O reflexo rosa e laranja na água do mar. O azul do céu, o verde das árvores. Quando cheguei do retorno, tive de parar um pouco no dique, ouvir uma música mais calma e romântica do meu mp3 [só revelo quem pros especiais] e me conectar com as ondas do mar. É automaticamente meu modo de meditação. A lua já estava à vista, o que só fez prolongar o tempo...

São em momentos como esse que eu queria eternizar numa fotografia time-lapse.

Em um certo momento, me virei para seguir aqueles últimos raios de sol e tentei "decorar" aquela vista e fazer um teste de memória. Fiz um esboço daquele dia no meu caderno, com os diques, coqueiros, postes e enfim. Nada que eu vá compartilhar com alguém.

Aliás, isso tudo aqui não passa de registros da minha memória.

Eu tive meus devaneios e traumas. Algumas coisas eu realmente quis esquecer, mas não todas. Porém minha memória não funciona mais como antes. Talvez tenha afetado alguma parte do cérebro. Sei lá. Teorias. Mas esqueci das coisas boas também. Não tenho tantas lembranças. Não sou velha não, por isto mesmo isso me preocupa. Minha avó teve Alzheimer, morreu disso - talvez escrever me ajude a evitar.

Não que eu vá viver do passado, pelo contrário. Vivo mais pelo futuro até mais que o presente. É uma lástima viver assim, não me orgulho nem um pouco. Não queria ser assim, porém eu sou assim. Eu sei que tive uma infância memorável e se eu tivesse boa memória daria um bom livro, mas de resto não me importo. Não tenho orgulho da minha adolescência, mas foi uma fase da qual aprendi muitas coisinhas. Não me importo de apagar isso da minha memória.

Estou mesmo é ansiosa para ser uma velha de meia idade. Eu consigo me ver lá longe (nem tão longe assim). Mas eu não sei o que D'us me reserva, posso morrer antes. Não me preocupo. Portanto que aconteça algumas coisas boas antes, por mim tudo bem. Senão, ficarei com raivinha.

A questão toda é que quero ter histórias para contar quando chegar lá. Mesmo que seja só para mim, mas que eu consiga sorrir, me orgulhar, não sentir falta mas criar novas lembranças a partir de lá. Ir à frente e morrer em paz, plena.

2 comentários:

Sérgio Miranda disse...

"A questão toda é que quero ter histórias para contar quando chegar lá."
Eu guardo tantas lembranças. Não que seja saudosista mas tenho um memória boa para estórias de quando jovem, Agora, já pai de adolescente, sinto que meu passado não é tão interessante pra essa gente jovem e mesmo assim tento preservar o máximo para continuar 'contando a mim mesmo' esses fatos como se quando a gente lê um romance e sente-se transportado pra uma história que a gente não vive. É estranho mas é assim como vejo meu passado; como estória de outra pessoa.

Paty Lavir disse...

Eu amo ler histórias. Ainda mais de pessoas mais velhas que eu, pessoas que tiveram mais experiências, que viveram de fato suas vidas. Leio histórias antigas, reportagens e etc.
Eu adoraria ler as tuas histórias.
Eu me perguntava antigamente se alguém ia ler, ou se alguém iria gostar. Sempre me surpreendo. Mas hoje em dia em nem me preocupo se existe público. E eu sei que existe, mas como não é nada comercial, não preciso me preocupar se alguém está lendo ou se estou agradando alguém.
Agora, se alguma coisa é interessante ou não, você nunca vai saber. Eu nunca acho que o que eu escrevo é interessante, leio coisas muito melhores por aí. Mas eu amo esse universo da internet. Eu acho válido compartilhar. Acaba inspirando os mais jovens a experimentar e ter suas próprias histórias.