Quando Nietzsche Chorou
Irvin D. Yalom
Irvin D. Yalom
Achar tudo profundo, eis um traço inconveniente. Faz com que
forcemos a vista o tempo todo e, no final, encontra-se mais do que se poderia
desejar. P. 111
Não sei porque
viver! Não sei como viver! P. 177
Houve um momento hoje em que experimentei uma estranha
ausência. Senti-me quase como se tivesse em transe. Talvez eu seja, afinal,
suscetível ao mesmerismo. P.226
Às vezes, é pior para um filósofo ser compreendido do que
ser mal compreendido. Ele tenta me compreender bem demais; ele me adula na
tentativa de obter orientações específicas. Quer descobrir meu rumo e usá-lo
também como seu rumo. Ele não compreende que existe um rumo meu e um rumo dele,
mas que não existe “o” rumo. Ele não pede orientações diretamente, mas me adula
e finge que sua adulação é outra coisa: ele tenta me persuadir de que minha
revelação é essencial ao processo de nosso trabalho, de que o ajudará a falar,
nos tornará mais “humanos” juntos, como se chafurdar na lama juntos
significasse ser humano! Tento ensinar-lhe que os amantes da verdade não temem
águas tempestuosas ou turvas. O que tememos são águas rasas! P. 226
Chegar aos 40 abalou a ideia de que tudo me era possível.
Subitamente, entendi o fato mais óbvio da vida: que o tempo é irreversível, que
minha vida estava se consumindo. É claro que eu já sabia disso antes, mas
sabe-lo aos 40 foi uma espécie diferente de saber. Agora, sei que o “rapaz infinitamente promissor” foi meramente uma ordem
de marchar, que “promissor” é uma ilusão, que “infinitamente” não tem sentido e
que estou em fileira cerrada com todos os outros homens marchando em direção à
morte. P. 235
Viva enquanto viver! A morte perde seu terror quando se
morre depois de consumida a própria vida! Caso não se viva no tempo, certo, então
nunca se conseguirá morrer no momento certo. P. 301
Primeiro desejar aquilo que é necessário e, depois, amar
aquilo que é desejado. P. 343
Cada um de nós deve percorrer seu próprio caminho. P. 366
Amor fati: escolhe
teu destino, ama teu destino. P. 366
Tive de procurar alguns livros para vender e assim ajudar uma senhora. Entre eles, estava este livro que li anos atrás. Encontrei duas folhas soltas com essas partes do livro e comecei a reencontrá-las no livro para colocar a página que tinha a frase/trecho. Os trechos e frases a seguir, não consegui encontrar no livro - mas provavelmente está lá (porque estava entre as minhas anotações nas duas folhas):
Isaac estava fazendo 60 anos e descreveu um sonho que tivera
na noite anterior. Ele estava percorrendo uma longa e escura estrada e tinha
sessenta moedas de ouro no bolso. Estava certo daquela cifra exata. Tentava
segurar as moedas, mas elas caíam por um buraco no bolso e estava escuro demais
para achá-las.
O sonho deve ser um desejo de perder anos e se tornar mais
jovem.
Pode ser que o sonho tenha expressado um temor: o temor de
que seus anos estejam acabando e de que logo não restará mais nenhum!
Ele estava em uma longa e escura estrada tentando recuperar
algo que perdera.
Talvez os sonhos possam exprimir quer desejos, quer temores.
Ou talvez ambos.
Acredito agora que os medos não brotam das trevas; pelo
contrário, eles são como estrelas: estão sempre ali, mas obscurecidos pelo
clarão da luz do dia.
Os pensamentos são sombras de nossos sentimentos: sempre
mais escuros, vazios e simples.
Ninguém mais morre devido a verdades fatais hoje em dia;
existem antídotos em demasia.
De que serve um livro que não nos transporte além de todos
os livros.
Qual é o sinal da libertação? Não mais se envergonhar diante
de si próprio!
Morrer é duro. Sempre senti que a recompensa final dos
mortos é não morrer nunca mais!
Para mim a palavra “dever” é pesada e opressiva. Reduzi mais
deveres a apenas um: perpetuar minha liberdade. O casamento e seu séquito de
possessão e ciúme escravizam o espírito. Eles jamais me dominarão. Espero, que
chegue o tempo em que nem o homem nem a mulher sejam tiranizados pelas
fraquezas mútuas.
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