Retrato da fotógrafa Julia Margaret Cameron, 1862 |
A rainha Vitória teve reinado de 1837 a 1901. Período que ficou conhecido como a “Era Vitoriana”, tempos de prosperidade econômica, política e cultural. Na fotografia, surgiu: Julia Margaret Cameron (1815-1879).
Nasceu em Calcutá, de pai inglês e mãe francesa. Foi educada na França, voltou à Índia, conheceu seu marido e lá residiu até se mudar para a Inglaterra em 1848. Começou a fotografar em 1864, aos 48 anos de idade, ao ser presenteada por sua filha com uma câmera para amenizar a solidão. Entre as irmãs, ela era considerada o “patinho feio” — mais tarde, Virgina Woolf a definiria como a talentosa dentre as três irmãs, no prefácio de sua primeira coleção de fotografias, publicada pela Hogarth Press em 1926.
Cameron fotografava por prazer e deixou uma marca siginificativa para a história da fotografia. Sua obra é tão especial, que fotógrafos de todas as idades e do mundo inteiro ainda buscam inspirações em seu prazer mais belo. Sua estética mescla subjetividade, teatralidade e uma luz bem peculiar. Uma das características mais marcantes das fotografias de Cameron são os “olhares” que os fotografados carregam.
A morte do Rei Arthur, 1975 |
Cameron fez parte da comunidade artística local, Freshwater Circle, e recebia seus amigos frequentemente, por vezes aproveitando-se de suas presenças para retratá-los. O Freshwater Circle é assunto cômico em “Freshwater“, única peça escrita por Virginia Woolf, sobrinha-neta de Cameron.
Mary Hillier, funcionária doméstica de Dimbola Lodge, foi, segundo a fotógrafa, “uma das mais bonitas e constantes de minhas modelos. Em todo tipo de forma seu rosto foi reproduzido e, ainda assim, nunca senti findada a graça de sua moda. (…) os atributos de sua personalidade e complexidade de sua mente são as maravilhas daqueles cujas vidas se fundiam às nossas como amigos íntimos da casa”.
Sua obra é bastante singular em estilo e assunto, e é essencialmente composta de retratos de rosto e alegorias de cenas religiosas ou literárias. Cameron utilizava acessórios, indumentária de época e tecidos em seus cenários, criando uma aura onírica e remetendo a tempos passados e ficções fantásticas. Seus modelos eram normalmente obrigados a posar por horas, não só por conta do processo de colódio úmido utilizado, mas também pelas exigências da fotógrafa. Estava interessada em dar a conhecer sua beleza natural, pedindo aos modelos femininos que deixassem os cabelos soltos para mostrá-los de uma maneira que não estiveram acostumados a se apresentar. Embora a suas fotografias faltasse a agudeza que outros fotógrafos aspiravam naquele tempo, a estes sucedeu divulgar a aura emocional e espiritual dos modelos de Cameron.
The Gardeners Daughter 1867 |
Sua estética veio de um erro, como ela mesma afirmou em um de seus escritos. Sua primeira câmera só permitia um ponto de foco, desfocando os demais; como o retratado tinha de ficar posando por volta de sete minutos, qualquer movimento ajudava a criar mais desfoque. Logo Cameron percebeu o valor artístico deste erro, mantendo-o, mesmo adquirindo seus próximos equipamentos.
Charles Darwin, 1969 |
Sua obra caiu na graça do público após ter sido resgatada pelo historiador Helmut Gernsheim, no livro “Julia Margaret Cameron: Her Life and Photographic Work”, lançado em 1948, durante uma onda de nostalgia popular.
Julia Prinsep Stephen, sobrinha de Cameron, escreveu sua biografia, publicada na primeira edição do Dictionary of National Biography, em 1886. Stephen era, além do assunto favorito da fotógrafa, sua sobrinha e mãe de Virginia Woolf.
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